terça-feira, 5 de abril de 2011

Para o príncipe que bebeu a àgua do rio Alétheia

Nas nossas rodas infantis eu era rainha e você principe.
O pano da cama era o palácio e os brinquedos nossos súditos.
Os banquetes de bolachas cream craker eram a sensação,
e assim a vida passava com cheiro amarelo.

Mas um dia o principe se aborreceu e trancou o amarelo na masmorra.
Chamei o bobo da corte mas ele não riu,
Pintei seu busto com verde mas ele não gostou,
E assim tudo que era sonho virou realidade.

Ele parou de enchergar o amarelo,
Me disse que a vida era dele e que seus sonhos também.
Que não eram súditos aqueles velhos brinquedos,
E que a ilusão era a arma dos tolos.

Segui então meu caminho e construí outros castelos,
Arrumei os mais belos vitrais e deixei os muros baixinhos por onde entravam a plebe, os reis, animais, mendigos, crianças, amores e vários tons de amarelo.

Enquanto ele desbotava cada vez mais ...
Sua cria gritava por calma, amor e paciência.
A matriarca urrava de dores e desconsolo.
E aquela que era seu amor foi virando dias costumeiros.

Agora chega o terremoto.
Castigo das Deusas ao esquecido principe.
Sua cria foi a primeiro a pular o murinho do castelo.
O amor demonstra num pequeno sorriso segundos de paz e confiança,
Mas o príncipe não quer voltar à magestade.

Talvez porque seja difícil carregar as pedras do castelo,
Ou mesmo porque esqueceu das borboletas que o ajudariam.
Mas a força da Terra é violenta demais para aguentar,
E, que pena, a masmorra tomba a cada dia.

As portas do meu castelo estão baixas, mas não completamente.
Não há nada de realeza deixar o príncipe impune.
Ele se deixou esquecer a verdadeira lição da felicidade,
e agora as Deusas da floresta estão lhe dando a chance de relembrar o amor.

Venha príncipe, não tenha medo de morrer,
Deixe que as roupas de gala se remendem,
que os pássaros arrumem a mesa com outras bolachas,
traga sua cria e seu amor para brincarmos juntos.

Mas venha logo,
pois a vida não perdoa os príncipes machões e covardes,
e o ensinamento das Deusas dizem que as vezes é tarde demais.
E bem na superfície de minha cara ainda resiste um sonho de que o amarelo ainda pode se salvar.


Um comentário:

  1. Diga isso a este príncipe. Mas, diga sem metáforas. Pois ele esqueceu a linguagem poética... Resgate-o desse feitiço...
    RD

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