segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

 "A gatinha", era o que dizia o pequeno Guerreiro todas as vezes que eu chegava. No início eu fiquei horrorizada: quanta irresponsabilidade, duas filhotes de gata nas mãos de pequenos filhotes de gente.
Quase que eu trouxe as pequenas comigo e cheguei a ficar com medo de que as coisas terminassem (muito) mal.

Elas eram miúdas assim como é miúdo Kaluanã. Frágeis e com olhos sempre cerrados, de dar pena.
Kalu puxava, amassava e dizia que amava. Que amor é esse que se maltrata?

Passado um mês voltei para saber do fim, pra mim certamente trágico, das felinas. Porém elas estavam lá: Marmelada e Lambida juntas dormindo na caixa de hamburguer.

Ao pequeno sinal da voz do Guerreiro elas corriam mas em outro momento não conseguiam escapar as puxadas de rabo. Foi então que vi: os filhotes juntos e trocando carícias. Ela em seu colo jogada, mole, moldada no corpo dele e com os olhos semi-serrados de prazer.

Ele continuava a dizer "olha Fabiana, que linda a Lambida". Nesse momento, deixei de lado meus preconceitos e observei a cena dos dois filhotes de mundo. Como conseguiram tanta sintonia? Que natureza é essa de bicho-quase-gente e quase-gente-bicho que ensinam que a vida se arruma, que se ajeita, que se a gente amolecer a gente até consegue paz.

E hoje, que este pequeno faz 3 anos, me sinto cada vez mais aprendiz nesse mundão de vida. Há três anos eu sou menos gente e mais gatinha.