tag:blogger.com,1999:blog-40681198381744238522024-03-18T19:45:04.599-07:00Fabiana Tagarela"... jogo tudo na violência que sempre me povoou ..."
C.LFabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.comBlogger21125tag:blogger.com,1999:blog-4068119838174423852.post-56527242096581523892012-12-10T17:16:00.002-08:002012-12-10T17:16:49.591-08:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="" style="clear: both; text-align: left;">
"A gatinha", era o que dizia o pequeno Guerreiro todas as vezes que eu chegava. No início eu fiquei horrorizada: quanta irresponsabilidade, duas filhotes de gata nas mãos de pequenos filhotes de gente.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Quase que eu trouxe as pequenas comigo e cheguei a ficar com medo de que as coisas terminassem (muito) mal.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Elas eram miúdas assim como é miúdo Kaluanã. Frágeis e com olhos sempre cerrados, de dar pena.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Kalu puxava, amassava e dizia que amava. Que amor é esse que se maltrata?</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Passado um mês voltei para saber do fim, pra mim certamente trágico, das felinas. Porém elas estavam lá: Marmelada e Lambida juntas dormindo na caixa de hamburguer.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Ao pequeno sinal da voz do Guerreiro elas corriam mas em outro momento não conseguiam escapar as puxadas de rabo. Foi então que vi: os filhotes juntos e trocando carícias. Ela em seu colo jogada, mole, moldada no corpo dele e com os olhos semi-serrados de prazer.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Ele continuava a dizer "olha Fabiana, que linda a Lambida". Nesse momento, deixei de lado meus preconceitos e observei a cena dos dois filhotes de mundo. Como conseguiram tanta sintonia? Que natureza é essa de bicho-quase-gente e quase-gente-bicho que ensinam que a vida se arruma, que se ajeita, que se a gente amolecer a gente até consegue paz.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
E hoje, que este pequeno faz 3 anos, me sinto cada vez mais aprendiz nesse mundão de vida. Há três anos eu sou menos gente e mais gatinha.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjzF7Eip796Jzglug5b98dZV_sY8NKWJ1YFLLtQo5uL-HWUF_2nY6QVqwdNI_AmHaDdUOpXS2OLDcmsCitbpplFKosCkOmTfi5X2AAr80djBYU9v4PeWgA_mZDJZ8ZD0pHbgbsPfcgLDk/s1600/Kaluan%C3%A3+e+Lambida2.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjzF7Eip796Jzglug5b98dZV_sY8NKWJ1YFLLtQo5uL-HWUF_2nY6QVqwdNI_AmHaDdUOpXS2OLDcmsCitbpplFKosCkOmTfi5X2AAr80djBYU9v4PeWgA_mZDJZ8ZD0pHbgbsPfcgLDk/s320/Kaluan%C3%A3+e+Lambida2.JPG" width="240" /></a></div>
</div>
Fabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4068119838174423852.post-59573504588496457752012-02-14T17:15:00.000-08:002012-02-14T17:15:41.929-08:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<b>Oração para a Natureza Morta.</b><div>
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Procurei na ponta do arco-íris; mas hoje não haviam tesouros.</b></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Fabiana Melo Sousa</b></div>
<div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsAfDQVyzFiLrjArQtLNRJp4bCUdPYPLe9YonbC8pC0-A_ep9hg2glqXgADMv1NqZo6VvcWxEJUSIfN_pfbzUMkJbALBBT-tVGaAkMxpIYP9zAdX7tvbZ98wlChDh_BteGT8IMdPhidps/s1600/Imagem0545.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsAfDQVyzFiLrjArQtLNRJp4bCUdPYPLe9YonbC8pC0-A_ep9hg2glqXgADMv1NqZo6VvcWxEJUSIfN_pfbzUMkJbALBBT-tVGaAkMxpIYP9zAdX7tvbZ98wlChDh_BteGT8IMdPhidps/s320/Imagem0545.jpg" width="320" /></a></div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div>
<b>Justo são aqueles que fazem os miseráveis, pois será deles o reino da prosperidade. Felizes aqueles que são pobres, afinal não há do que reclamar quando se tem aquilo que merece: a pobreza só atormenta quem aguenta. É questão de justiça não comer e questão de sabedoria esperar pra depois a bonança.</b></div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div>
<b>Felizes também são aqueles que estrupam pois deles será o reino dos céus, o céu dos estupradores, homens com gloria que ensebam mulheres com suas virilidades. Gloriosas também são elas que nasceram com esse dom de se deixarem usar e não se sentem vítimas dessa natureza: sábia natureza que trata de lançar diferença entre aquelas e eles. </b></div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div>
<b>Puros e limpos são os claros, porque das claras até se duvidam, mas neles que se espelhem os que querem a salvação. Afinal quem nos salvou arregalou seus grandes olhos azuis, seus longos cabelos louros e pediu perdão. Lançou sobre todos nós a culpa mas no terceiro dia foi edificado: puro e virgem, casto e branco.</b></div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div>
<b>Castos sejam os do sexo oposto, pois o sexo do mesmo não é a minha imagem e semelhança, apenas asco: nada de puro desejo, carne que pulsa, vontade e prazer. Destas luxúrias o mundo já viveu bastante e nelas moram a razão da corrupção hoje vivida.</b></div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div>
<b>Vamos todos nós seguindo a humana natureza morta, que mata gente de fome, medo, horror e intolerância e justificamos a nossa barbárie no medo daquilo que não queremos enxergar, que está dentro de nós e que somos nós. </b></div>
<div>
<b><br /></b></div>
<div>
<b>Expurgamos os pecados, </b><b>pagamos o preço: aprisionamos a liberdade.</b></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
</div>
</div>
</div>Fabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4068119838174423852.post-75587393729685795552012-02-02T06:52:00.000-08:002012-02-02T06:53:15.755-08:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<b><span style="color: black; font-size: 11pt;">Vida na expectativa<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #999999; font-size: 14px; font-weight: bold;">Wislawa Szymborska (1923 - 2012)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">Vida na expectativa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">Espectáculo sem ensaios.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">Corpo sem tirar medidas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">Cabeça sem reflexão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">Não sei o papel que desempenho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">Sei apenas que é o meu, intransmissível.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">É já em cena que tenho de adivinhar<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">de que trata a peça.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">Debilmente preparada para a honra que é a vida,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">dificilmente aguento o tempo de acção que me é imposto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">Lá vou improvisando embora deteste improvisar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">Passo a passo tropeço no desconhecimento das coisas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">O meu modo de vida cheira-me a provincianismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">Os meus instintos são crasso amadorismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">O medo do palco, explicando-me, ainda me humilha mais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">Os factores atenuantes parecem-me cruéis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">Palavras e gestos sem regresso,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">estrelas por contar,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">o carácter – um casaco à pressa abotoado,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">são os deploráveis efeitos desta urgência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">Treinar ao menos uma quarta-feira,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">ou repetir uma quinta ao menos uma vez!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">E já lá vem a sexta com um guião que ignoro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">Está como deve ser – pergunto<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">(com um pigarro na voz<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">pois nem sequer me foi dado pigarrear nos bastidores).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">È ilusória a ideia de que é só um exame rápido<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">realizado em sala provisória. Não.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">Fico de pé diante do cenário e dou conta da sua solidez.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">Impressiona-me o rigor de cada adereço.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">o palco rotativo há já muito que funciona.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">Já estão acesas até as mais distantes nebulosas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">Não tenho quaisquer dúvidas que se trata da estreia!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">E, seja o que for que eu faça,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">para sempre se transforma no que eu fiz.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;">Extraído do blog </span><a href="http://um-buraco-na-sombra.netsigma.pt/p_mundo/index.asp?op=4&p=1764" style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; text-align: left;">http://um-buraco-na-sombra.netsigma.pt/p_mundo/index.asp?op=4&p=1764</a></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
<span style="color: black; font-size: 11pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: -webkit-auto;">
</div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-size: 9pt;">Trad. Júlio Sousa Gomes<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: right;">
<i><span style="color: black; font-size: 11pt;"><br /></span></i><span style="color: maroon; font-size: 9pt;">de <em>Paisagem com Grão de Areia</em><i>,</i>Relógio d'Água, 1998</span><span style="color: black; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: right;">
<span style="color: maroon; font-size: 9pt;"><br /></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: right;">
<span style="color: maroon; font-size: 9pt;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKYYFQ9HyvoRxT8Bollz7xNIMCKVdA8d0f_T8hHzrEI5eOTUqgORA-0N4g3YflocU5SF6v7to_v98I9iDVc7uCwTFZ_svJNOMmd94siGFhDRCegIB3olSSITmZV1JF9cSWHbklMa4TVPk/s1600/Wislawa+Szymborska+(1923+-+2012).jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="236" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKYYFQ9HyvoRxT8Bollz7xNIMCKVdA8d0f_T8hHzrEI5eOTUqgORA-0N4g3YflocU5SF6v7to_v98I9iDVc7uCwTFZ_svJNOMmd94siGFhDRCegIB3olSSITmZV1JF9cSWHbklMa4TVPk/s320/Wislawa+Szymborska+(1923+-+2012).jpeg" width="320" /></a></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: right;">
<span style="color: maroon; font-size: 9pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<br />
<br />
<div align="center">
</div>
<br /></div>Fabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4068119838174423852.post-45617774266852423212012-01-29T14:12:00.000-08:002012-01-29T14:12:30.668-08:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: right;">
Muito bem ... bem só.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<div class="MsoNormal">
Domingo Irei<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Domingo irei para as hortas na pessoa dos outros, <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Contente da minha anonimidade. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Domingo serei feliz — eles, eles... <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Domingo... <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Hoje é quinta-feira da semana que não tem domingo... <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Nenhum domingo. — <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Nunca domingo. — <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas sempre haverá alguém nas hortas no domingo que vem. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Assim passa a vida, <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sutil para quem sente, <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mais ou menos para quem pensa: <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Haverá sempre alguém nas hortas ao domingo, <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não no nosso domingo, <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não no meu domingo, <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não no domingo... <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas sempre haverá outros nas hortas e ao domingo! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Álvaro de Campos, in "Poemas" <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Heterónimo de Fernando Pessoa<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5gOOBcEZTWL-sgjmRI-rUQXdUL0QkNb1QitoDM2kAa5YfL6GYtBdHtsVovbSd_S2MOo8XJV4RxKrqL7VQNsDBqlZVihJEthIzCaEmxRCC3ie3pt5J8wWQPleIVXIGq37iwykmQjTR1sk/s1600/Imagem0422.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5gOOBcEZTWL-sgjmRI-rUQXdUL0QkNb1QitoDM2kAa5YfL6GYtBdHtsVovbSd_S2MOo8XJV4RxKrqL7VQNsDBqlZVihJEthIzCaEmxRCC3ie3pt5J8wWQPleIVXIGq37iwykmQjTR1sk/s320/Imagem0422.jpg" width="240" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
</div>
</div>Fabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4068119838174423852.post-2062146771789853262012-01-22T16:16:00.000-08:002012-01-22T16:16:18.385-08:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Era uma vez o sonho.<br />
Acordei mas ele ainda estava lá me dizendo que agora é tarde: uma vez que se aprende que as coisas em si são milagres carregamos dentro de nós a esperança, essa inabalável certeza no amanhã ...<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTd5siiN9UGL0qkqbhcSw26N7yRWbDnNxk3Keym-MWQv513BX111Voi4PSHi94VJqw5ROnSBWF5pfgffaB7zizo03JFkCzc1-e7w6gFO4SHa7MlrHJqh2u57IH2eti1_Gbjg3AXSHHNpc/s1600/Imagem0407.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTd5siiN9UGL0qkqbhcSw26N7yRWbDnNxk3Keym-MWQv513BX111Voi4PSHi94VJqw5ROnSBWF5pfgffaB7zizo03JFkCzc1-e7w6gFO4SHa7MlrHJqh2u57IH2eti1_Gbjg3AXSHHNpc/s320/Imagem0407.jpg" width="320" /></a></div>
<br /></div>Fabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4068119838174423852.post-56717625652524878862012-01-22T15:56:00.000-08:002012-01-22T15:56:44.599-08:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<b>Poema de Despedida</b><div>
Mia Couto</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Não saberei nunca</div>
<div>
dizer adeus.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Afinal,</div>
<div>
só os mortos sabem morrer.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Resta ainda tudo,</div>
<div>
só nós não podemos ser.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Talvez o amor,</div>
<div>
neste tempo,</div>
<div>
seja ainda cedo.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Não é este sossego</div>
<div>
que eu queria,</div>
<div>
este exílio de tudo,</div>
<div>
esta solidão de todos.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Agora </div>
<div>
não resta de mim </div>
<div>
o que seja meu</div>
<div>
e quando tento</div>
<div>
o magro invento de um sonho </div>
<div>
todo inferno me vem a boca.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Nenhuma palavra</div>
<div>
alcança o mundo,</div>
<div>
eu sei,</div>
<div>
ainda assim,</div>
<div>
escrevo.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
</div>
<div>
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq8KDGp0QQD1esx_R-BKbLOMEwTr3zvGhYMBcQt9sMam0AzlbA_-KXDiO_ULMzp9X0dOEg86iTE_0Ya6Md3s-RICoJRg4uZ7U_C3OtYtt_alRG1nKuMmXa_mVs81_exBPIcLN2y9PrLwE/s1600/bonde+santa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq8KDGp0QQD1esx_R-BKbLOMEwTr3zvGhYMBcQt9sMam0AzlbA_-KXDiO_ULMzp9X0dOEg86iTE_0Ya6Md3s-RICoJRg4uZ7U_C3OtYtt_alRG1nKuMmXa_mVs81_exBPIcLN2y9PrLwE/s320/bonde+santa.jpg" width="320" /></a></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
</div>Fabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4068119838174423852.post-65441806541068499382011-09-11T17:10:00.000-07:002011-09-11T17:10:46.892-07:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Minha mãe me abandonou para a vida.<br />
<br />
Num pequeno instante, olhando os olhos de minha mãe, um olhar distante e inseguro, olhos quase-velhos e inocentes. Foi olhando dentro destes olhos que me vi, reconheci a mim mesma embora não fosse parte de mim. Era outra pessoa.<br />
Dentro deles eu encontrei a troca, não mais a segurança pois tudo era aberto e incerto. Não havia amor incondicional ou compaixão, éramos adultas, por vezes meninas e no fim duas.<br />
<br />
Eramos duas em suas escolhas, eu escolhi nascer daquele ventre, ela escolheu me dar a vida. Naquele instante, nem o acaso da natureza, nem o projeto de deus, nem os grandes sábios. Eramos vida: ela saíra de meu ventre, se alimentara em meus seios, dormira em meu colo e depois, na adolescência da vida, me trocara pelo mundo. A mim restou envelhecer e olhar aqueles olhos, perceber o quanto somos duas, o quanto ela me permite ser e apenas isso.<br />
<br />
Sem agradecimentos, sem obrigações, sem amor eterno, sem culpa e sem medo. Ela, apenas, me deixou seguir e por isso não me pede nada em troca. Com isso me permite retornar em seus olhos e me deixar espantar pela vida, permite que eu continue sugando de seu corpo aquela seiva carnal. Aquilo que se faz vida apenas por ser. Nada mais.<br />
<br />
Naquele pequeno instante, acredito que, cresci.<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
Para minha mãe, que me abandonou para a vida.</div>
</div>
Fabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4068119838174423852.post-39549172656822634142011-08-19T22:19:00.000-07:002011-08-19T22:19:51.067-07:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div>Sua benção Tales menino.</div><div><br />
</div><div>Abençõe a esta pobre alma de dinda.</div><div>Esta alma que nem sabe abençoar, que nem acredita no poder acima, que não sabe enxergar para além daquilo que sente. Que só consegue pulsar e amar na vida. Alma que abandonou a razão e que não consegue explicar o medo e pavor de olhar o seu rosto e imaginar que você veio para este mundo. </div><div><br />
</div><div>E que mundo ... Perdão menino Tales mas aqui nem tudo é àgua pois os rios estão poluídos e o fluxo da razão destruiu a humanidade do homem. Os homens que aqui governam esquecem o sabor, o calor e o som do seio da mãe e aos poucos se afastam do coração, e sem ele também esquecem que foram meninos e assim apagam de suas memórias as verdadeiras necessidades da vida. Esquecemos a necessidade do calor do outro, do abraço apertado. Cronos foi dominado e agora não podemos observar o detalhe pequeno do dia a dia que torna o instante presente o presente pra vida. </div><div><br />
</div><div>Porém meu querido menino o que nos faz humanos é contradição, a mesma que nos torna únicos. E contraditoriamente, em tempos de vidas sem alma, ainda se vive. O único e maior valor que carregamos é o que pulsa em nossas veias, arrepia a nossa alma, umedece nossas roupas. O espanto, aquilo que inclina o homem para a filosofia, nos toma de assalto quando o acaso nos surpreende com a vida. Quando tudo parece morte, nasce um Tales. As pequenas mãos nos deixam indefesos do mundo, o silêncio, a respiração dos pequenos nos remete aquilo que queremos cuidar que é o outro. O outro somos nós mesmos, modificamos nossa re-existência para a sua existência . É aqui que aprendo com você. A me renovar quando me torno dinda, aquilo que só posso ser sendo.</div><div><br />
</div><div>Abençõe esta alma de dinda, devolva pra elas as suas palavras. Tome: modifique a sua existência.</div><div><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiCTi4UNLg7k7i3ZSLOw3e2Z1PhADR_FbbYHZ4Qcmc4yes2JxlgatFmxamMzbqnaGCQU_AcBmH8VuQOyW9FsvXs7_5yWZx3itDZ5IpP_k4qThjgqT6Y28mGZccb9KBF6j9Zj171Xz-Q3w/s1600/Tales2.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiCTi4UNLg7k7i3ZSLOw3e2Z1PhADR_FbbYHZ4Qcmc4yes2JxlgatFmxamMzbqnaGCQU_AcBmH8VuQOyW9FsvXs7_5yWZx3itDZ5IpP_k4qThjgqT6Y28mGZccb9KBF6j9Zj171Xz-Q3w/s320/Tales2.JPG" width="256" /></a></div><div><br />
</div></div>Fabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4068119838174423852.post-39629156550608853562011-08-14T17:54:00.000-07:002011-08-14T17:54:44.321-07:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;">Aos que me roubaram a alma.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E eles fazem isso, sempre me roubam o direito de não ser nada, de não querer nada. Eu grito, corro, fujo mas eles insistem em ficar e quando me dou conta a argamassa do muro derreteu. Com ela vão as minhas certezas e meu orgulho, minhas leis e razão, a culpa e misericórdia . Eles expõem minha vergonha em praça pública, escrevem "insegurança e medo" em minha testa. Rasgam minha roupa e me deixam nua. Sugam meu sangue, mergulham minha cabeça na bacia e me tiram o ar. Ao final eles me sangram a carne e quando estou quase-morta eu acordo em lençóis brancos com cheiro de flor. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Me trazem comida, bebida. Acalantam meu corpo, lavam meus pés, aparam meus cabelos e unhas. Deito no colo e enquanto brincam com os meus caracóis exalam palavras de amor e perdoam meu defeitos. Insistem que meus pecados são milagres, que meus problemas são ternura e que a minha vida é mármore rosa de tão rara e preciosa mas possível de ser vista.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não resta nada daquela que fui, dos gritos que dei e do desespero em não querer amar. Não sei mais nada sobre aquela que vivia sozinha, que não precisava de nenhuma voz de "boa noite" e nenhum beijo de "bom dia". Agora me configuro por aquilo que não me encontrei, que não sei explicar, que me faz incompleta e que me lança para a morte enquanto insisto na vida. Eu hoje penduro a minha alma no ombro de quem me ama.</div></div>Fabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4068119838174423852.post-19439131622534521622011-07-31T19:01:00.000-07:002011-07-31T19:01:00.562-07:00Mataram a mendiga louca que vivia no lixo.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Mataram a mendiga louca que vivia no lixo.<o:p></o:p></div><div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">Para Dalva, a louca.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Mataram a mendiga louca que vivia no lixo. Bem feito: quem mandou viver? Que sentido tem fazer poesia dos restos enquanto todos nós queremos esquecer o lixo que somos. Reciclamos, separamos vidros, plástico e orgânico. Pra quê? Pra não sentirmos culpa<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>pois no fim tudo vira uma coisa só nos lixões públicos. <o:p></o:p></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Mas o que isso me interessa? Gramacho é a estação final da linha de trem, um lugar longe de nós – nós que somos tão civilizados, limpos e conscientes com responsabilidade social. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nos indignamos nas salas escuras do cinema: aplaudimos de pé e emocionados a vida - tanta vida que ela nos trouxe, pois de vez em quando é bom lembrar que somos humanos -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e após o “the end”, passamos longe dos hospitais públicos, que são públicos assim como o lixão de Gramacho e por serem públicos recebem os restos de lixos dessa humanidade sem humanidade. E foi lá, num hospital público que ela morreu.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Os hospitais públicos, os sanatórios públicos, as cadeias públicas e os lixões públicos são lugares podres: sujos, fedorentos, barulhentos e coloridos: não são cinzas como os prédios que cortam os céus das cidades e os shoppings centers (nome que nem tenho direito de escrever no plural). São vivos, pulsam tudo que sai de dentro de nós: as nossas fezes, suores, nossos gritos, lamúrias e desesperanças que estão depositados nestes lugares cheios de vida. A vida que queremos esquecer. Esquecer que na verdade somos uma panela de pressão pronta para gritar, para dizer que somos contradição, horror e feiúra, mas que somos esperança: esta que não se compra, que não se pode arrancar, que Pandora deixou na caixa e que buscamos a todo tempo. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Mataram a mendiga louca, foi queima de arquivo, ela era humana demais para viver em tempos de barbárie. O enterrro foi sexta. Se fuderam: enraizaram a poesia do mundo. <o:p></o:p></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal"><br />
</div></div>Fabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4068119838174423852.post-68331695451437515372011-07-27T09:31:00.000-07:002011-07-27T09:31:19.134-07:00HOJE 27/07/2011 OS MORADORES DA ILHA DA MADEIRA (SEPETIBA/RJ) ESTÃO UNIDOS CONTRA AS OBRAS DE AMPLIAÇÃO DO PORTO DE SEPETIBA.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;"></span><br />
<div><b><span style="font-family: tahoma, sans-serif;">HOJE 27/07/2011 OS MORADORES DA ILHA DA MADEIRA (SEPETIBA/RJ) ESTÃO UNIDOS CONTRA AS OBRAS DE AMPLIAÇÃO DO PORTO DE SEPETIBA.</span></b></div><div><span style="font-family: tahoma, sans-serif;"><br />
</span></div><div><span style="font-family: tahoma, sans-serif;">Há cerca de dois anos os moradores da Ilha da Madeira, um pequeno paraíso localizado em Sepetiba (Rio de Janeiro) sofrem com as intervenções de obras no local devido a ampliação do Porto de Sepetiba. As obras possuem como principal investidor a empresa LLX, <span style="color: #333333; line-height: 18px;">empresa de logística do grupo EBX, dirigida pelo empresário EIKE BATISTA, e foram investidos cerca de R$1,8 bilhões, recursos federal e privado.</span></span></div><div><span style="color: #333333; font-family: tahoma, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><br />
</span></span></div><div><span style="font-family: tahoma, sans-serif;"><span style="color: #333333;"><span style="line-height: 18px;">Porém, a implementação do empreendimento tem causado mais do que transtornos mas desrespeito aos direitos dos moradores locais, em sua maioria famílias tradicionais de pescadores que estão sofrendo diretamente os impactos das obras, que reativou a Pedreira de Sepetiba (uma pedreira local), além de desapropriar centenas de moradores da região e de destruir uma região de manguezal que existia há menos de 1 ano na entrada da Ilha. Os moradores também afirmam que a empresa USIMINAS está "m</span></span>exendo num barro contamido com zinco", abandonado desde os anos 1980 com a falência da empresa INGÁ MERCANTIL. Segundo o relato dos moradores o material é extremamente poluente levando os trabalhadores que manuseiam os tratores de retirada do material a desmaiarem durante o processo.</span></div><div><span style="font-family: tahoma, sans-serif;"><br />
</span></div><div><span style="color: #333333; font-family: tahoma, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">Hoje, dia 27/07/2011 os moradores da Ilha estão nas ruas: o que eles reivindicam são indenizações decentes para saírem da Ilha uma vez que a luta pra permaneceram no local onde nasceram e construíram suas vidas foi vencida pelos interesses econômicos. Os moradores da Ilha interditaram estradas e as entradas das empresas que se instalaram no local desde o início do ano (Odebrecht, LLX, USIMINAS, etc) impedindo o acesso de caminhões e dos trabalhadores.</span></span></div><div><span style="color: #333333; font-family: tahoma, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><br />
</span></span></div><div><span style="color: #333333; font-family: tahoma, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">Segundo depoimento de moradores (por questão de segurança terão seus nomes ocultados) a poeira é insuportável: as praias já não podem mais ser frequentadas; o barulho no local é gritante; a reativação da pedreira destrói a mata regional e desde 2009 os animais que habitavam nas florestas estão entrando na casa dos moradores e pedras gigantescas rolam para as ruas. </span></span></div><div><span style="color: #333333; font-family: tahoma, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><br />
</span></span></div><div><span style="color: #333333; font-family: tahoma, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">Em Novembro de 2009 a Rede Globo de Televisão realizou uma reportagem sobre os impactos da reativação da Pedreira no local porém nada foi feito.</span></span></div><div><span style="font-family: tahoma, sans-serif;"><span style="color: #333333;"><span style="line-height: 18px;">(segue link </span></span><a href="http://video.globo.com/Videos/Player/0,,GIM1166104-7759-IMPLOSAO+DE+PEDREIRA+PREOCUPA+MORADORES+DA+ILHA+DA+MADEIRA,00.html" style="color: #0089aa;" target="_blank">http://video.globo.com/<wbr></wbr>Videos/Player/0,,GIM1166104-<wbr></wbr>7759-IMPLOSAO+DE+PEDREIRA+<wbr></wbr>PREOCUPA+MORADORES+DA+ILHA+DA+<wbr></wbr>MADEIRA,00.html</a>) </span></div><div><span style="color: #333333; font-family: tahoma, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><br />
</span></span></div><div><span style="font-family: tahoma, sans-serif;">Não é a primeira vez que os moradores sofrem com empresas privadas que com autorização legal e ilegal das esferas públicas se instalam, poluem indiscriminadamente o local resultando na impossibilidade de trabalho dos pescadores, do turismo e da moradia, como foi o triste caso da instalação da INGÁ Mercantil nos anos 50. </span></div><div><span style="font-family: tahoma, sans-serif;"><br />
</span></div><div><span style="font-family: tahoma, sans-serif;">(Parte desta história está relatada no documentário "Territórios de Sacrifício ao Deus do Capital: o caso da Ilha da Madeira. Segue link <a href="http://www.epsjv.fiocruz.br/index.php?Area=NoticiaInterna&Num=122&Destaques=1" style="color: #0089aa;" target="_blank">http://www.epsjv.fiocruz.<wbr></wbr>br/index.php?Area=<wbr></wbr>NoticiaInterna&Num=122&<wbr></wbr>Destaques=1</a> ) </span></div><div><span style="font-family: tahoma, sans-serif;"><br />
</span></div><div><span style="font-family: tahoma, sans-serif;">A Associação de Pescadores local (APLIM), além de outros grupos de movimentos sociais do Rio de Janeiro tentam em vão desde 2009 intervir nas obras de forma que elas não expulsem os moradores da Ilha da Madeira, porém a triste constatação é que infelizmente será impossível a vivência no local e o que querem agora é que aconteçam imediatamente negociações justas para que os moradores saiam da ilha com a mínima possibilidade de sobrevivência, uma vez que não poderão mais exercer as atividades de pesca e turismo, principais fontes de renda das famílias.</span></div><div><span style="font-family: tahoma, sans-serif;"><br />
</span></div><div><span style="font-family: tahoma, sans-serif;">Para dar corpo e voz as reivindicações dos moradores é necessário tornar pública esta situação: peço que todos repassem para seus grupos, mídias, amigos e qualquer rede que possa tornar pública esta questão. Vamos ser mais do que solidários mas pertencentes às famílias da Ilha da Madeira que assim como nós estão sofrendo com as intervenções na Cidade Maravilhosa com a Copa do Mundo e Olimpíadas. Esta cidade é nossa.</span></div><div><span style="font-family: tahoma, sans-serif;"><br />
</span></div><div><span style="font-family: tahoma, sans-serif;">Fabiana Melo Sousa</span></div><div><span style="font-family: tahoma, sans-serif;"><br />
</span></div></div>Fabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4068119838174423852.post-21556824159543268562011-06-16T13:01:00.000-07:002011-06-16T13:01:35.574-07:00Escreva Lola Escreva: OS HOMENS, ESSES SERES RISONHOS<a href="http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2008/10/os-homens-esses-seres-risonhos.html?spref=bl">Escreva Lola Escreva: OS HOMENS, ESSES SERES RISONHOS</a>: "A revista Trip de setembro publicou uma carta aberta de seu colunista Henrique G oldma n à empregada que ele estuprou, embora essa palavra..."Fabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4068119838174423852.post-19512190194351388842011-06-06T20:14:00.000-07:002011-06-06T20:14:13.455-07:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">E hoje, enquanto eu observava um arcanjo limpar as minhas flores esqueci a chave da caxanga na porteira. Mas vieram os erês, guardaram tudo e celaram a minha porta com suspiros. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Porém, durante todo o dia alguma coisa pesava nessa alma de preto velho e me fazia querer nada, e era como se a vontade de ir encontrasse um muro de cimento fresco, recém criado para me atrapalhar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Mas segui a estrada e vinham almas que me alimentaram sem que eu pedisse, me alertaram do perigo sem que eu estivesse com medo e puxaram um grande e lindo tapete vermelho para os meus sonhos. E de noite, haaaa ... uma bela flor de baunilha me perfumou.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Voltei para casa e o doce dos suspiros tinham atraído borboletas que de tão levez e bonitas impediam que qualquer maldade humana e sobre-humana me fizessem mal.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Agora, esta alma está em paz, dorme em uma nuvem azul. Sente saudade do riso do arcanjo, do cheiro dos erês, do sabor da baunilha e das asas da borboleta, mas é agora que ela sabe perfeitamente o que é o amor porque e vive da realidade. Esta que é feita de realismo e nada mais.</span></div></div>Fabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4068119838174423852.post-27823224215106691882011-06-03T06:08:00.000-07:002011-06-03T06:08:18.687-07:00Da inutilidade de mim ...<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">E aí descobri que o amor é isso, algo maior do que eu e que se entranha no mundo e não tem volta. Aquilo que não se tem controle quando sai de você e que aos poucos é fisgado no emaranhado da vida como uma rede que te pesca quando está distraído. </span><br />
<br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">No início é só contemplação e tudo fica claro. Mesmo a escuridão da noite é tomada por certa luz e as sombras passam a ser relevo de você no mundo.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Mas depois, quando se dá conta de que tudo mudou, de que agora você não é mais você e sim outra pessoa, você passa a ser coisa - não aquela pensante mas coisa que sente, que pulsa. Coisa de carne que desconhece verbos e adjetivos, que é incapaz de dizer o que sente e por isso sangra o tempo todo. Você só consegue juntar as patas, olhar pra cima e pedir amor, comida e carinho, como se as grandes teorias, os grandes pensadores, os maiores monumentos não fossem bastante para explicar o que se sente.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Courier New;">E no fim ... não ... ele não tem fim ... Porque ele se transforma, transmite como epidemia e pronto. Você agora não é mais nada diante dele e ele nem precisa de você. É aí que você se sente dispensável, o que na verdade você é: completamente inútil, sem graça e sem vida. Pois não são das suas formas que ele precisa, tampouco dos seus atos e palavras. Não, ele precisa, por um curto espaço de tempo, apenas da sua alma.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Courier New;">E eu que sempre desconfiei que a minha alma sempre foi um pequeno retalho. Nada mais ...</span><br />
<br />
<br />
<br />
</div>Fabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4068119838174423852.post-10860334361591354032011-04-10T21:47:00.000-07:002011-04-10T21:47:12.912-07:00Bela<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">A Bela aparece como num surto sem avisar e tira o sono. Quem pensa que é essa tal pra perturbar a paz angelical do repouso? O que pensa saber da vida para esfregá-la na minha cara e devolvê-la em frescor.<br />
As luzes se acenderam e agora o palco está iluminado, estou pronta para reapresentar sem ensaio. Agora o improviso me toma e recito um monólogo sem diretor. Não existe persona: sou eu no coração e na carne viva que vibra, em todos os lados.<br />
<br />
Tudo é claro e vejo o rosto de todos na platéia, mas há algo estranho pois todos eles sou eu, parecem comigo e me olham. São cerca de cinquenta olhos castanhos, rostos redondos, cabelos curtos e almas em construção. Mas por cima de cada uma existe o reflexo da Bela. Ela fala no ouvido, olha no fundo da carne e lembra a humanidade que existe em cada uma de mim. É assim que ela me quer, protagonista no palco e olhar na platéia ao mesmo tempo. <br />
<br />
Que venham as Musas então e me tomem no ventre, gerem em mim amor, desejo e paixão para saber mais, viver mais e ser mais alma. Que eu encontre a medida certa para fazer o lençol que irá cobrir os sonhos devassos e os gestos desnudos desta delicada alma.<br />
<br />
Desta Bela alma ...<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
</div>Fabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4068119838174423852.post-12311329297223718732011-04-05T20:09:00.000-07:002011-04-05T20:09:06.070-07:00Para o príncipe que bebeu a àgua do rio Alétheia<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Nas nossas rodas infantis eu era rainha e você principe. <br />
O pano da cama era o palácio e os brinquedos nossos súditos.<br />
Os banquetes de bolachas cream craker eram a sensação,<br />
e assim a vida passava com cheiro amarelo.<br />
<br />
Mas um dia o principe se aborreceu e trancou o amarelo na masmorra.<br />
Chamei o bobo da corte mas ele não riu,<br />
Pintei seu busto com verde mas ele não gostou,<br />
E assim tudo que era sonho virou realidade.<br />
<br />
Ele parou de enchergar o amarelo,<br />
Me disse que a vida era dele e que seus sonhos também.<br />
Que não eram súditos aqueles velhos brinquedos,<br />
E que a ilusão era a arma dos tolos.<br />
<br />
Segui então meu caminho e construí outros castelos,<br />
Arrumei os mais belos vitrais e deixei os muros baixinhos por onde entravam a plebe, os reis, animais, mendigos, crianças, amores e vários tons de amarelo.<br />
<br />
Enquanto ele desbotava cada vez mais ...<br />
Sua cria gritava por calma, amor e paciência.<br />
A matriarca urrava de dores e desconsolo.<br />
E aquela que era seu amor foi virando dias costumeiros.<br />
<br />
Agora chega o terremoto.<br />
Castigo das Deusas ao esquecido principe.<br />
Sua cria foi a primeiro a pular o murinho do castelo.<br />
O amor demonstra num pequeno sorriso segundos de paz e confiança,<br />
Mas o príncipe não quer voltar à magestade.<br />
<br />
Talvez porque seja difícil carregar as pedras do castelo,<br />
Ou mesmo porque esqueceu das borboletas que o ajudariam.<br />
Mas a força da Terra é violenta demais para aguentar,<br />
E, que pena, a masmorra tomba a cada dia.<br />
<br />
As portas do meu castelo estão baixas, mas não completamente.<br />
Não há nada de realeza deixar o príncipe impune.<br />
Ele se deixou esquecer a verdadeira lição da felicidade,<br />
e agora as Deusas da floresta estão lhe dando a chance de relembrar o amor.<br />
<br />
Venha príncipe, não tenha medo de morrer,<br />
Deixe que as roupas de gala se remendem,<br />
que os pássaros arrumem a mesa com outras bolachas,<br />
traga sua cria e seu amor para brincarmos juntos.<br />
<br />
Mas venha logo,<br />
pois a vida não perdoa os príncipes machões e covardes,<br />
e o ensinamento das Deusas dizem que as vezes é tarde demais.<br />
E bem na superfície de minha cara ainda resiste um sonho de que o amarelo ainda pode se salvar.<br />
<br />
<br />
</div>Fabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4068119838174423852.post-53296869951023570692011-04-05T05:33:00.000-07:002011-09-11T17:37:47.214-07:00Oração para as Mulheres<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px;"></span><br />
<div class="uiHeader uiHeaderBottomBorder mbm" style="border-bottom-color: rgb(170, 170, 170); border-bottom-style: solid; border-bottom-width: 1px; margin-bottom: 10px; padding-bottom: 0.5em;">
<div class="clearfix uiHeaderTop" style="display: block; zoom: 1;">
<div>
<h2 class="uiHeaderTitle" style="font-size: 16px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 16px;"><div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 1.5em; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: left;">
<span class="Apple-style-span" style="color: white;">Que as Deusas abençõem as bruxas queimadas e aquelas que ainda serão;</span></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 1.5em; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: left;">
<span class="Apple-style-span" style="color: white;">Que dêem maestria às prostitutas e que vinguem os corpos das violadas,</span></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 1.5em; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: left;">
<span class="Apple-style-span" style="color: white;">que energizem com força os ventres das mães solteiras para que deles nasçam o amor,</span></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 1.5em; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: left;">
<span class="Apple-style-span" style="color: white;">que encham de coragem o peito das matriarcas pobres e cansadas do labor.</span></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 1.5em; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: left;">
<span class="Apple-style-span" style="color: white;"><br /></span></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 1.5em; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: left;">
<span class="Apple-style-span" style="color: white;">Que soltem a voz das companheiras ainda em silêncio pelo medo;</span></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 1.5em; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: left;">
<span class="Apple-style-span" style="color: white;">que matem os machos podres e feridos pela inveja da força que temos.</span></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 1.5em; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: left;">
<span class="Apple-style-span" style="color: white;"><br /></span></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 1.5em; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: left;">
<span class="Apple-style-span" style="color: white;">Deusas, rogai pelos nossos seios, vaginas, pernas e bundas</span></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 1.5em; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: left;">
<span class="Apple-style-span" style="color: white;">que tenhamos a cada dia o prazer de saber porque somos.</span></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 1.5em; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: left;">
<span class="Apple-style-span" style="color: white;"><br /></span></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 1.5em; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: left;">
<span class="Apple-style-span" style="color: white;">Santas e devassas que derramaram sangue, gozo, suor e esperanças pelo mundo;</span></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 1.5em; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: left;">
<span class="Apple-style-span" style="color: white;">fazei de nossas lutas uma só.</span></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 1.5em; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: left;">
<span class="Apple-style-span" style="color: white;"><br /></span></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 1.5em; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: left;">
<span class="Apple-style-span" style="color: white;">Fabiana Melo Sousa - 08/03/2011</span></div>
<div style="color: #1c2a47; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; font-weight: normal; line-height: 1.5em; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: left;">
<br /></div>
<div style="color: #1c2a47; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; font-weight: normal; line-height: 1.5em; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: left;">
<br /></div>
</span></h2>
</div>
</div>
</div>
</div>
Fabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4068119838174423852.post-13658570704879029272011-03-31T22:29:00.000-07:002011-04-01T07:54:54.214-07:00Nesta madrugada Orfeu salvou Euridice de Hades<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Nesta madrugada Orfeu salvou Euridice de Hades<br />
Ela, morta e insegura, grita por seu herói para ele resgatá-la do inferno.<br />
Em meio a mortos vivos ela grita e pede socorro pois seus companheiros não a escutam.<br />
<br />
Até que Orfeu escuta o grito, pega a sua harpa e voa.<br />
Euridice tem medo por não saber o que fazer<br />
pois se sente desnuda diante da salvação.<br />
<br />
Porém ela se rende, ele a coloca num cavalo branco <br />
e segue seu cortejo de salvação encantando onde passa.<br />
Ela agradece.<br />
<br />
Assim hoje Euridice dorme em seus mantos cheirando a lavanda.<br />
enquanto imagina o que deve se passar na cabeça deste Orfeu.<br />
Então deixa que o corpo vença a sua morte e segue assim para o outro dia.<br />
<br />
</div>Fabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4068119838174423852.post-17284800994687144772011-03-29T06:34:00.001-07:002011-03-29T06:34:06.452-07:00Pílulas ...<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px;">Tenho medo dos intolerantes que se definem como radicais ou apaixonados e empurram no precipício toda a beleza do mundo.</span>Fabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4068119838174423852.post-60484843549922572732011-03-28T21:30:00.000-07:002011-03-28T21:30:53.994-07:00Hoje fui resgatada por uma deusa ...Fui enganada por toda a vida; me disseram que um dia eu ia mudar, que eu seria menos radical e que entenderia que o mundo é assim mesmo e acabou ... Que Deus um dia iria entrar na minha vida e que Ele - macho, viril e soberano - poderia me ajudar a encontrar o sentido das coisas.<br />
<br />
Queimem no marasmo aqueles que arrotam inteligência, pois batem no peito e se orgulham do tempo que lhes levou a juventude e deixou certezas. Covardes que se escondem atrás da desculpa da idade. Eles deveriam morrer antes de matarem a inocência ou ficarem mudos sem ter tempo de dizerem aos jovens que quando o tempo passar virá o equilíbrio. Meio-termo oriental de filosofia de esquina.<br />
<br />
Não merecem saber que no mundo existem Deusas que relembram os nossos pecados, alisam nossos defeitos e exaltam a nossa ira. Lambem com sal nossas feridas e trazem consigo o perfume verdadeiro da vida. <br />
<br />
São elas que nos ensinam a não crescer, Deusas que tomam de assalto a vida de quem deixa. Elas abrem o mundo de incertezas, mandam para o inferno qualquer bom costume. Tiram as nossas roupas, abrem nossos ventres e geram luz. <br />
<br />
Nos ensinam sobre nada, fecham a matraca da verdade, não perdoam covardias, amam os defeitos e as falhas. Leem nossa alma em nossos olhos e falam a nossa boca. Nelas o silêncio é lição daquilo que se deve aprender a ler.<br />
<br />
Depois de hoje não quero mais deus. Sou devota da Deusa que mata e me ressuscita todos os instantes. Sou escrava daquilo que não sei o nome e me dá medo, mas que me dá vida. Esta que não se ensina, se encanta.<br />
<br />
Para Minha Borboleta.Fabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4068119838174423852.post-13436282073536219142010-12-02T04:22:00.001-08:002010-12-02T04:22:59.100-08:00Nota pública de instituições comunitárias atuantes no bairro do Complexo do Alemão<h3 class="post-title entry-title" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: initial; background-image: url(http://www2.blogblog.com/rounders2/icon_arrow.gif); background-origin: initial; background-position: 10px 0.5em; background-repeat: no-repeat no-repeat; border-bottom-color: rgb(221, 221, 221); border-bottom-style: dotted; border-bottom-width: 1px; border-left-color: rgb(221, 221, 221); border-left-style: dotted; border-left-width: 1px; border-right-color: rgb(221, 221, 221); border-right-style: dotted; border-right-width: 1px; border-top-color: rgb(221, 221, 221); border-top-style: dotted; border-top-width: 0px; color: #333333; display: block; font-family: Georgia, Times, serif; font-size: 14px; font: normal normal bold 135%/normal Georgia, Times, serif; line-height: 1.5em; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 2px; padding-left: 29px; padding-right: 14px; padding-top: 2px;">Nota pública de instituições comunitárias atuantes no bairro do Complexo do Alemão</h3><div class="post-header" style="font-family: Georgia, Times, serif; font-size: 14px; line-height: 20px;"><div class="post-header-line-1"></div></div><div class="post-body entry-content" style="border-bottom-color: rgb(255, 255, 255); border-bottom-style: dotted; border-bottom-width: 0px; border-left-color: rgb(221, 221, 221); border-left-style: dotted; border-left-width: 1px; border-right-color: rgb(221, 221, 221); border-right-style: dotted; border-right-width: 1px; border-top-color: rgb(221, 221, 221); border-top-style: dotted; border-top-width: 0px; font-family: Georgia, Times, serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 0.75em; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 1px; padding-left: 29px; padding-right: 14px; padding-top: 10px;"><div align="center" style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center;"><strong><span style="color: black;">Nota pública de instituições comunitárias atuantes no bairro do Complexo do Alemão</span></strong><span style="color: black;"><br />
<br />
<strong>Para além da ocupação militar: por uma agenda socioambiental para o território da Serra da Misericórdia e os complexos de comunidades do Alemão, da Vila Cruzeiro e da Penha</strong><o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="color: black;">Diante dos acontecimentos recentes na Vila Cruzeiro e no Conjunto de Favelas do Alemão - formado por 14 Comunidade e com população estimada em 400 mil pessoas -, que culminaram na ocupação desta área por forças policiais do estado e das Forças Armadas, as Organizações da Sociedade Civil abaixo assinadas, algumas com atuação há mais de 10 anos nesta região, vêm a público propor e Requerer dos governos nas esferas Federal, Estadual e Municipal um<strong>compromisso efetivo</strong>. São necessários investimentos para tirar do papel um conjunto de propostas e projetos de caráter socioambiental, cultural e nas áreas de educação, saúde, mobilidade urbana, saúde ambiental, esportes, assistência social e segurança pública. Lembrando que muitas destas propostas já foram objetos de projetos não concretizados ao longo dos anos, esperamos que a partir de agora possam ser implantadas em benefício da população e da proteção deste território que historicamente foi abandonado pelos sucessivos governos e com isso ficou marcado por décadas pelo seu crônico esvaziamento econômico, pela violência, degradação urbana e como área de sacrifício ambiental.<span class="apple-converted-space"> </span><br />
<br />
Somos o<span class="apple-converted-space"> </span><strong>Comitê de Desenvolvimento Local da Serra da Misericórdia</strong>, fruto de uma aliança entre diversas organizações locais já mobilizadas em torno da defesa da Serra da Misericórdia, movimento social que conquistou nos anos 90 seu reconhecimento legal como uma Unidade de Conservação da Natureza reconhecida pelo Decreto Municipal Nº 19.144 de 16 de novembro de 2000 - Área de Proteção Ambiental e de Recuperação Urbana – APARU da Serra da Misericórdia. Trata-se, portanto, de um coletivo que agrega, além das instituições do Comitê, moradores das favelas ocupadas militarmente, entidades comunitárias locais bem como ativistas e pesquisadores, todos com longa atuação nesta região e vivência nessas comunidades.<br />
<br />
<strong>Nosso Objetivo é aprofundar o debate com a sociedade, o poder público e a mídia para além da ocupação militar</strong>. Para isso, queremos, através de uma<span class="apple-converted-space"> </span><strong>AGENDA SÓCIO-AMBIENTAL PARA O TERRITÓRIO DA SERRA DA MISERICÓRDIA E OS COMPLEXOS DE COMUNIDADES DO ALEMÃO, DA VILA CRUZEIRO E DA PENHA</strong>, apresentar idéias, sugestões, projetos e propostas objetivas e viáveis que possam colaborar com o desenvolvimento humano e a melhoria das condições socioeconômicas e sanitárias desta região e dos moradores. Assim, destacamos como<strong>prioridades</strong>:<br />
<br />
<strong>1. </strong><span class="apple-converted-space"></span>Reconhecer o quão significativo é a ocupação do estado em áreas que antes eram dominadas por grupos ligados ao varejo de drogas não pode significar uma interpretação equivocada do contexto de violência e ilegalidade da cidade. Resumir a política de segurança pública a esta ocupação militar ou mesmo creditar às ações dos últimos dias uma triunfal “derrubada do tráfico” - o midiático dia “D” - apenas contribui para a criminalização das áreas de favelas e esvaziamento do debate. Essa interpretação pode gerar uma superficial e limitada cortina de fumaça sobre as causas reais que levaram a esta grave situação assim como camuflar as razões históricas que levaram ao abandono deste território e de sua população que vive há décadas em precárias condições de vida, e sem acesso a direitos elementares. Consideramos que para além das manchetes sensacionalistas que buscam induzir a sociedade e, principalmente, os moradores que vivem nas favelas cariocas a crerem que com a ação militar do Alemão o problema estaria superado e que nossa cidade estaria livre do crime de maneira definitiva, é preciso fazer uma análise profunda para comprovar que isto não se sustenta. A ação de combate ao varejo de drogas tem seus méritos, no entanto, não se pode associar toda a violência que assola a cidade apenas ao território das favelas dominadas pelo tráfico. Diversas variáveis interferem nesse contexto, muitas delas de amplo conhecimento da população e das autoridades públicas:<span class="apple-converted-space"> </span><strong>corrupção policial, tráfico de armas, narcotráfico internacional, fortalecimento dos grupos milicianos, desigualdades sociais, ausência do Estado em grande parte da cidade</strong>, entre outras. É preciso, portanto, ressaltar os avanços presentes nos fatos dos últimos dias sem deixar de apontar as muitas frentes onde ainda precisamos atuar.<span class="apple-converted-space"> </span><br />
<br />
Além disso, a cobertura da grande mídia e as ações governamentais que se seguirão devem ter o cuidado de não reforçar estereótipos históricos e preconceitos sociais associados às favelas, já que os moradores dessas áreas são sempre os mais atingidos pela violência. No momento em que o estado se mostra disposto a enfrentar esta realidade é preciso todo esforço para que não se repitam condições históricas que acabam por reforçá-la. Por isso, são inaceitáveis e não podem ser visto como “mal menor”, certos acontecimentos aos quais estão sujeitos hoje os moradores do Conjunto de Favelas do Alemão, entre os quais destacamos a falta de energia elétrica; o fechamento das escolas; a entrada violenta por parte das forças policiais nas residências; o furto de objetos nestas residências. Esses fatos devem ser profundamente combatidos, prestando contas à sociedade. Por outro lado, apesar dos casos de posturas inadequadas de alguns policiais, é importante destacar que as ações dos últimos dias divergem daquilo que se viu nas últimas duas décadas no que diz respeito à ação policial, ao menos nas favelas do Alemão. É notável que a inteligência foi privilegiada em detrimento da repressão desmedida. Se há relatos de abusos, muitos são também os relatos que reconhecem uma postura por parte dos policiais da maneira que se espera deles: com respeito aos direitos dos cidadãos. Não cabe elogiar aquilo que, na verdade, é a conduta correta das forças que representam o estado, mas é forçoso destacá-la uma vez que historicamente não foi esta a realidade experimentada pela comunidade.<br />
<br />
<strong>2. </strong><span class="apple-converted-space"></span>Esta ação aponta para uma profunda transformação no cotidiano das favelas do Alemão, por isso, este coletivo avalia ser necessário aliar uma ampla diversidade de atores sociais para que ela possa se consolidar. A atuação conjunta entre as várias forças estatais (tanto no campo da segurança quanto no campo social), somada à participação dos moradores e das organizações locais que há anos lutam pela melhoria das condições de vida da região podem fortalecer este processo, dando-lhe transparência e legitimidade. Esta é precisamente a razão pela qual as instituições que assinam esta nota buscam agregar outros atores locais e estabelecer um diálogo amplo e duradouro com o poder público.<br />
<br />
Para isso, propomos a construção coletiva de uma<span class="apple-converted-space"> </span><strong>Agenda Propositiva para o Conjunto de Favelas do Alemão</strong>. As instituições que já se envolveram neste debate têm buscado contribuir nos campos nos quais já acumulam ampla experiência, principalmente com propostas de projetos nas áreas da cultura, meio-ambiente, educação e esporte. Destaca-se a longa vivência destas instituições nas diversas comunidades do Complexo do Alemão, onde há anos desenvolvem projetos sócio-ambientais, educativos e culturais em geral sem qualquer apoio dos governos ou da iniciativa privada. Da mesma forma, é necessária e deve ser urgente, por parte do poder público, a abertura de canais para o diálogo com as entidades comunitárias locais, bem como de participação no processo que envolve a Agenda.<br />
<br />
<o:p></o:p></span></div><div align="right" class="ListaColorida-nfase11CxSpFirst" style="margin-left: 18pt; text-align: right;"><b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt;">Será realizado encontro de articulação do<span style="color: red;"></span>Comitê de Desenvolvimento Local da Serra da Misericórdia, junto as instituições da sociedade civil, para promover o diálogo com o Poder Público apresentando a proposta de uma agenda propositiva no próximo dia 02 de dezembro (quinta-feira) as 15h na sede do Instituto raízes em Movimento (Rua Diogo de Brito, 245 – Ramos).<o:p></o:p></span></b></div><div align="right" class="ListaColorida-nfase11CxSpMiddle" style="margin-left: 18pt; text-align: right;"><b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></div><div align="right" class="ListaColorida-nfase11CxSpMiddle" style="margin-left: 18pt; text-align: right;"><b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt;">As instituições locais ou de atuação mais ampla que coadunem a essa posição coletiva favor adiram por meio de comentário abaixo.<o:p></o:p></span></b></div><div align="right" class="ListaColorida-nfase11CxSpMiddle" style="margin-left: 18pt; text-align: right;"><b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></div><div align="right" class="ListaColorida-nfase11CxSpLast" style="margin-left: 18pt; text-align: right;"><b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt;">Aos canais de imprensa interessados em cobrir o encontro de quinta-feira, favor ligar para 3867-4629 e agendar.<o:p></o:p></span></b></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="color: black;"><br />
<br />
<em>Rio de Janeiro, 30 de novembro de 2010</em></span></div></div>Fabiana Melo Sousahttp://www.blogger.com/profile/03620644754794830698noreply@blogger.com0